Eu estava sentada na recepção do ambulatório de clínica médica super concentrada lendo o prontuário da minha próxima paciente, quando uma criança surpreendentemente me abraçou. Olhei surpresa para aquele rostinho com um sorrisão de orelha à orelha e logo vi sua cicatriz no meio do tórax (lembrei!!!), então falei "eu lembro de você!" e ainda sorrindo, ela balançou a cabeça que sim.
A "Amanda" é uma paciente de 7 anos que "eu" internei para troca do gerador de marcapasso há quase 1 mês. Sua história clínica era de cardiopatia congênita, a qual exigiu duas cirurgias prévias e a implantação do marcapasso, que já não estava funcionando bem.
Ela foi encaminhada do interior do Estado e chegou bem cedo no hospital aquele dia. Lembro que precisei deixá-la em jejum e a todo momento ela falava chorosamente "eu estou com fome e você não quer me dar comida", expliquei, várias vezes, que ela precisava ficar sem comer um pouco, só para fazer logo o procedimento e ir para casa, mas não teve muito acordo...
Cuidei dela por alguns dias, ela sempre esperta e fazia questão de relatar todos os fatos e seus sintomas para mim, até mesmo seus apelos, como: "Preciso ir embora, quem vai cuidar dos meus bichinhos?!"(risos).
Hoje, fiquei feliz e emocionada (confesso) em vê-la, ainda mais por ser surpreendida por aquele abraço e um sorrisão. Conversei por alguns minutos, perguntei como ela estava e, claro, que ela relatou todas as alterações. Pedi para "ver" seu pulso e ao palpar, notei como estava normal, bem diferente de quando a internei. Coisas da medicina... Tem como não se apaixonar?!
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