Oi pessoal!
Sempre que posso conto alguns casos que vejo no Pronto Socorro para vocês, mas nunca falei da sensação de estar lá... Prometo fazer o possível para não deixar esse relato tããão melancólico, ok?!
Desde que eu entrei na medicina, eu sabia que teria vários desafios, sendo que para mim o maior deles é o fator emocional, pois é... Me envolvo muito com os casos e sofro com eles. Por isso, mesmo falando para todo mundo que vale a pena ir no P.S. aprender, porque isso é verdade, algumas vezes volto arrasada de lá, maaaas já estou melhorando aos poucos isso.
Enquanto somos acadêmicos, podemos fazer coisas que depois de formados não temos tanto tempo, inclusive conversar com um paciente
simplesmente para ver como ele está, sem anamnese detalhada ou exame
físico... Um senhor na UTI me chamou atenção, pelo fato dele estar
sentado na cama e lendo, nada comum em um lugar que muitos estão
sedados. Resolvi conversar com ele... Ele é do interior e está
aguardando uma angioplastia há 10 dias, disse que estava com muita
saudade da família dele, dos netinhos e filhos. Agradeceu muito por eu
ter conversado com ele, por ter ajudado o tempo passar e que ele lembrou
da neta. O sentimento de proporcionar isso, ameniza um pouco a sensação
de "impotência" que sinto dentro daquele lugar.
Atendi uma menina de um aninho (super fofa) estava com a coordenadora do
Lar da Criança, ela tinha caido do berço e estava com um "galo" na
testa (hematoma subgaleal). Em relação a isso, ela estava bem, quem
ficou péssima fui eu depois de descobrir que "Lar da Criança" é onde
ficam crinças abandonadas pelos pais
Também tive a oportunidade de acompanhar o coordenador da Residência de Cirurgia Geral de um hospital particular. Fiquei surpresa de ver o quanto ele tem paciência para explicar e tanto que ele é humano. É ótimo ver exemplos assim para nos espelharmos... Percebi que quem pode e quer, resolve. Vou contar dois casos:
1.No paciente de 56 anos com pancreatite grave, este Dr. iniciou tratamento clínico e queria tranferí-lo, pois ele precisava de uma avaliação seriada (muito difícil de acontecer no P.S.).
2.No outro caso, chamaram-no para ver uma paciente de 28 anos com colilitíase, coledocolítiase e colangite (pedra na vesícula, no colédoco e inflamação local) que estava há 5 dias sofrendo daquele jeito no P.S. (acreditam???). Ele a examinou e disse que iria transerí-la, afinal ela precisava de uma cirurgia de urgência e não sei por qual motivo, mas ali ninguém resolvia. No final, ele falou: "Vocês agradecem todos os dias a vida de vocês? E pedem para nunca precisarem disso?" Percebi o tanto que ele ficou indignado de ver aquela situação, mesmo depois de tantos anos de profissão.
E para fechar meu dia no P.S. conversei com uma senhora na porta, enquanto esperava a chuva passar, que me disse: "Para ser médico tem que ter dom". Até mais :)
Meu amor li esse post, fico feliz em saber que você se preocupa com essas pessoas que infelizmente ali estão, desamparadas em todos os sentidos, e que por muitas vezes necessitam ao menos de uma atenção do médico.
ResponderExcluirTe confesso que meus olhos se encheram de lágrimas com o relato do senhor que lia na UTI, aguardando a cirurgia a 10 dias, e ao dizer que sentiu saudades da família e se lembrou de sua neta, pois, me imaginei conversando com ele e sentindo a mesma sensação que você, de impotência, de querer ajuda lo, e sem saber como, pois, como ele existem vários na mesma situação, meus parabéns pelo ótimo trabalho que você vem desenvolvendo, mesmo que ações como a sua sejam atos isolados para aquele lugar, é sempre bom cultivar e compartilhar esse tipo de comportamento.
Vale lembrar que essa sua atitude é um dom, vem de dentro, do coração, que nasceu com você, e você levara pelo resto de sua vida.
Tenho a certeza que você será uma médica humanista de referência, bom estudo e ótimo aprendizado, amo vc!! bjos
Obrigada pelas lindas palavras meu amor! Deus te ouça que eu seja uma "médica humanista de referência". Te amo. Bjos ;*
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