sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Humanização na UTI!

Olá queridos leitores!


Hoje antes de ir, novamente, para aula na UTI, lembrei da última paciente que visitei por lá. Uma senhora de 92 anos com câncer de bexiga, cardiopatia e foi internada após episódio de síncope (desmaio). Estava lá para monitorização e investigação. Enquanto conversava com ela e a examinava, surgiu o seguinte diálogo:

Ela: "Me tirem daqui, isso é o inferno gente, quero ir para minha casa";
Eu: "A gente quer cuidar da senhora, pra ficar boa e voltar para casa";
Ela: "Ficar boa aqui? (ria alto e ironicamente);
Eu: "Fica calma, já já a família da senhora vem te ver."
Ela: "Acredita que aqui tem horário pra me ver?! Esses medicos são #!@&#!@ (pi pi pi).

Depois disso, comecei a refletir sobre a humanização na UTI. Realmente deve ser muito complicado ficar internado e longe da família, mas a gente faz o que pode.

"Humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o
contexto familiar e social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças,
os aspectos culturais e as preocupações de cada um."

Após essa reflexão logo cedo, ao chegar para aula na UTI, aconteceu algo interessante comigo. Fiquei responsável pelo caso de um paciente de 35 anos, com histórico de acidente automobilístico há 20 dias, com fratura de tíbia e de fêmur, que após alguns dias do pós-operatório evoluiu com dispnéia intensa e uma das medidas de suporte foi a ventilação mecânica (intubação). Confirmaram o diagnóstico de pneumonia bilateral e excluiram a de embolismo pulmonar, então ele está em uso de antibióticos adequados e está evoluindo bem. Assim, havia indicação para retirar a ventilação mecânica (o tubo e o aparelho). Quando o encontrei, ele já não estava sedado e, sim orientado, tranquilo e mantendo uma boa saturação de oxigênio.


Então, aconteceu o fato interessante... Pedi para ele ficar calmo, que já iriam retirar aquele tubo da garganta dele, mas ele precisava estar tranquilo, disse para ele pensar no filho dele (o qual estava na foto ao lado da cama) e rezar um pouco. Então, ele fez sinal com a mão como se estivesse escrevendo, afinal ele não coseguia falar por causa do tubo. Pensei será que ele quer me dizer algo?! Peguei o papel e posicionei a caneta na mão dele, assim ele escreveu "eu amo meu filho", eu disse:"Mais tarde você vai falar isso para ele", ele fez sinal que queria a caneta novamente e escreveu "não quero que ele me veja...", então eu conclui "assim?!" Ele consentiu com a cabeça... Resumindo, após alguns minutos foi retirado do tubo e ocorreu como o esperado (ebaaaa!!!). Se ele continuar evoluindo bem, irá para o quarto em um ou dois dias.

A foto acima é de uma psicóloga de um hospital em Londrina que implementou a técnica do conversatório  na UTI para que os pacientes pudessem expressar seus sentimentos e necessidades. Adorei a idéia!
Vivendo e aprendendo :)


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