terça-feira, 1 de maio de 2012

Precisa-se de médicos humanistas.

Olá pessoal!

Resolvi escrever este post sobre médicos humanistas, baseado na minha (pouca) experiência com pacientes nesses últimos anos. Esse tema parece óbvio, mas na prática médica está em falta. O objetivo deste é estimular a reflexão sobre o assunto, não só entre os médicos, mas entre todos profissionais da saúde.

Na minha opinião, o médico humanista é aquele que pratica a atividade clínica em paralelo com uma visão global do paciente e com interesse pelas reações humanas em geral. Com o avanço nos exames diagnósticos e no tratamento, ocorreu um distanciamento entre a prática clínica e o interesse humano, tudo ficou mais "mecânicanizado", um exemplo é a pouca importância dada ao exame físico completo durante a consulta.

Vou relatar sobre algumas experiências que tive e que me chamaram muita atenção...

No dia que comecei a frequentar o Pronto Socorro como ligante (Liga de Emergências Clínicas)  cheguei cedo e o médico responsável pelo setor ainda não havia chegado. Antes mesmo de me "situar"  no local, o filho de um paciente (que estava no corredor) me perguntou o que o pai dele tinha, pois fez uma cirurgia no dia anterior, após chegar com uma dor intensa no abdome, e ele não sabia o que tinha ocorrido com o pai... Eu ainda perdida perguntei para a enfermeira onde ficavam os prontuários dos pacientes que estavam no corredor, ela me orientou e eu tentando entender aquela letra horrorosa (estou mentindo?!) expliquei que o pai dele tinha uma úlcera duodenal, mas já tinham feito uma cirurgia para corrigí-la. Ele perguntou algumas coisas e voltou a ficar com o pai no corredor. Pensei, será que ninguém explicou para eles o que tinha ocorrido?! Depois passei para ver como o senhor estava e conversei um pouco cohm ele... Naquela manhã o menino me procurou mais umas 3x para fazer perguntas, mesmo depois que o médico estava presente. Por que será?!

Outra histórinha... Na aula de urgência também no pronto Socorro. Cheguei no setor, mas o professor estava em cirurgia. Não passou 5 minutos, chegou o SAMU com uma paciente que sofreu acidente moto-carro, estava acordada, orientada e com um corte na cabeça (região occipital). Os socorristas do SAMU perguntaram se eu receberia, e eu claro, disse que ainda era acadêmica (só médico pode receber)... A mulher queria muito tirar o colar cervical (realmente é agoniante), mas como eu ainda não sabia avaliar se ela tinha lesionado a cervical, expliquei para ela que a médica já viria e o motivo de eu não retirar o colar naquele momento, pedi para ela respirar calmamente, que já iriamos cuidar dela. Chamei a médica que estava com outro paciente mais grave e enquanto ela não a atendia, fiquei conversando com a paciente. Logo a médica chegou, a examinou e me ensinou direitinho o procedimento (por sinal, ótima educadora). E depois de tudo (exame físico, RX e analgésico), a paciente me agradeceu e achei uma coisa super "estranha", ela apertou só a minha mão na despedida. Se for pensar não fui eu quem resolvi o problema dela, certo? Todo caso, ela valorizou a atenção que dei desde a entrada até a alta.


Então pessoal, escrevi isso tudo para mostrar o quanto os pacientes (SUS ou não) valorizam a atenção, principalmente durante um atendimento referente a saúde, pois já estão fisicamente e emocionalmente "fragéis". Acabei dando exemplos do Pronto Socorro, mas isso ocorre em qualquer ambiente de saúde. Outra coisa, essa experiência que citei, é como acadêmica, acredito que o corre-corre em um "Pronto Socorro  da vida", o médico deve ter pouco tempo para dar mais atenção aos pacientes, não é mesmo?! Mas pelo menos, vamos nos apresentar e chamar o paciente pelo nome. E lembrem-se: médico tem que gostar de gente para ser um médico humanista, se não fica até artificial, uma coisa forçada... Então, vamos refletir sobre o assunto?! Até mais :)

3 comentários:

  1. Adorei o post. Acho que todo mundo tem pelo menos uma história para contar de como se surpreendeu, negativa e positivamente, em funaçõa de um atendimento diferenciado. E não é difícil fazer com carinho, não é? Bjos!

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  2. Espero que vc, depois de formada, continue sendo esta pessoa que fará diferença na vida de tantas outras...Boa sorte!

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